quarta-feira, 14 de julho de 2010

De manhã bem cedo

Todas as manhãs ele faz a mesma coisa. Acorda bem disposto, mas prefere o frio. Toma um café bem quente pra esquentar o corpo. O dia está apenas começando, com pouco sol, o suficiente para pintar a paisagem que observa passar de dentro do carro. Pensa no cotidiano, essa coisa mágica que faz as pessoas saírem de casa todos os dias, no mesmo horário, quase que mecanicamente. Sente-se privilegiado, porque vê algo além da rotina. Enxerga a vida, ao menos hoje.

Escuta uma música no caminho, qualquer uma que possa esquecer depois. Observa as pessoas caminhando, umas bem humoradas, outras com rosto sofrido. Essa sensação dura pouco, perde-se com o cair da tarde, sabe disso, então saboreia o café como se fosse o único. Gosta de falar bom dia. Esbanja cordialidade.

Quando as vozes tentam desestabilizar a paz, ele ignora, porque mais vale sua mente calma. No final da tarde, tudo parecerá bom de novo, aquele clima europeu o convida a sair de casa sem rumo, ver pessoas e falar com elas. Até que chegue a hora de dormir e os sonhos o tragam de volta à realidade.