É bela. Sabe disso e quem a observa percebe pela delicadeza dos movimentos, cuidadosamente escolhidos. O deslizar do talher no prato mostra, ao mesmo tempo, distração e desprezo. O olhar distante transmite o desejo de estar longe dali e daquelas coisas pequenas que formam o mundo da mediocridade.
Na ponta da mesa, sentado com o corpo curvado, uma leve calvície denuncia a meia idade contrastada com a incomparável pele da juventude exposta na cadeira ao lado. Ela recebe olhares de todas as partes e ignora quando percebe. Ele retribui com hostilidade aos que o olham.
Quando necessário, volta-se à criança. Não se importa com o que ela come. Apenas tem medo que herde a mesma arrogância paterna. Antes de sair, olha para o relógio. Conta o tempo da vida. Lamenta cada minuto.
2 comentários:
Fiquei sem palavras. Amei. :]
Li duas vezes para ter certeza de toda a sutileza.
Por mais bonito que esse texto possa parecer, ele ainda está nessa página!
Escreva mais, Re.
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