Eu não sei por onde começar. Não sei o que pensar. Não sei o
que desejar. E, por mais incrível que seja, não sei o que escrever. O que
define o estado é atual é essa incerteza. Mas a maior vantagem de tudo isso é
que ninguém está aqui. Ninguém está aqui. E eu posso ser o que quiser, fazer o
que quiser, posso gargalhar sem nenhum incômodo ou chorar sem nenhum
constrangimento.
A sala está vazia e isso me permite pensar em voz alta. Eu
tenho mais livros dos que os que aparecem em minha estante. Eu posso queimá-los
um a um, ler todos os volumes inéditos, reler os melhores, debochar dos piores.
Não importa. Pela primeira vez, eu pouco preciso de metáforas. Essa é a uma
escolha que fiz há um tempo e refaço, a cada contexto, me arrependendo a cada
recomeço.
Essas condições são sempre egoístas e já estou cansado de
tudo isso. As emoções me cansam, me desgastam de verdade. Quero ser
individualista nesse momento. Agora é a minha vez e eu realmente prefiro que
seja assim. Eu não vou me importar. De verdade, porque só me importa o que eu
tenho por dentro. Por que eu falo sozinho. Comigo e com mais ninguém. E nada
além disso tem sentido pra mim.
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