Não tenha tanto medo. Não há qualquer motivo para temer. A
vida não vai acabar, nem desabar repentinamente. Falava insistentemente, sem
qualquer disfarce. Olhava-a fixamente nos olhos, com verdade no olhar, com desejo
nos lábios, com paixão no coração. Preocupa-se, às vezes, com o olhar
assustado, indeciso, censurando os instintos mais incontroláveis.
A resistência incomoda um pouco. Até mais que as palavras
hostis, ditas propositalmente num ataque de fúria passional, mirando um
afastamento forçado. Os olhos diziam a verdade, pediam por favor. E era tudo
que havia em si, naquele instante. O mundo já tinha parado, ascendendo as luzes
das estrelas, como um teatro vazio, com o palco iluminado, a espera do
espetáculo sempre adiado.
Mas foram tantos anos de inconstância, tantas falsas
histórias, que não queria fingir nada. E assim o fez, sem qualquer hesitação,
mesmo com o risco do voo. Mas um pássaro não ganha vida no chão. Jogou-se no precipício
da palavra. Direta, certa e irreversível.
Nesta equação numérica, o resultado pode ser dez. Ou não.
Não importa. Porque ali, junto à porteira de outro passo só havia a verdade: única,
plena e especial.
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