terça-feira, 8 de novembro de 2011

Na mesma posição

Ele destruiu todos os sonhos dela. Pisoteou a esperança vaga que ainda sobrava com duas palavras sólidas. Emudeceu-a. Ela pensou, respirou. Suspirou escondida. Voltou. Sorriu cordialmente, disse todas aquelas coisas que se espera que diga, com construção impecável. Elegância esconde decepção.

Ela seguiu em frente, lembrou-se de todos os cristais que quebrara em outros tempos, com as mesmas palavras. Pensou em todos os erros cometidos e viu os mesmos diante dele, mas, claro, calou-se. Não derramou uma lágrima. Mas sentiu por dentro, aquele mesmo vazio de antes.

E ele não hesitou. Não disfarçou a insegurança. Nem escondeu a certeza dos traços tortos. Dirigiu como quem comanda o mundo. Deixou o ar condicionado resfriar seu rosto. Olhava uma vida maltratada, à frente, como que, se em prantos, um homem gritasse “Acabe de vez com essa miséria que vive em mim”. Deixou o pensamento esvaziar.

Dois cenários paralelos. Acontecem simultâneos, da forma imaginada, ou tanto faz. Porque quando sozinha ela olhar pela fresta do mundo ao lado, vai ter a mesma visão já tida por ele.

Um comentário:

Quem escreve disse...

Olá! Passo aqui para um pequeno desafio, tão bobo que será surpresa se aceitar. Não sei se sabe, mas o velho aprendeu a daguerreotipar! Imagine! Hoje apenas fotografo... enfim. Adoraria representar com um instante de luz um tema sugerido por você. Topa? Que seu tema seja meu olhar fotográfico e que minha foto seja uma postagem sua dedicado a esse simples velho. Que tal? Se topar, por favor, me dê alguns indícios do que SENTES que tentarei reproduzir em imagem esse momento tão efêmero... Abraço e cheiro de café!