domingo, 11 de setembro de 2011

No café da manhã

Num canto, uma canção de ninar, tão triste quanto a voz que a entoa. Na frente, o cheiro forte de café apresenta o dia, uma manhã fria. Um céu nublado lá fora, por vezes uma garoa quase invisível, que cai e cessa. Nos braços já vividos, a vida nova ri a toa. Ri da chuva, como no conto de Eurico. Sorri. Sem pudor, nem queixa. Reflete a vida nos olhos verdes. E desperta uma inveja pela pureza cega.

O telefone toca sozinho. Nenhuma intensão de atendê-lo. Silencia. O café, agora à mesa, cheira mais forte, tem gosto, prazer. Olhos atentos. Pessoas jamais vistas. Pra um lugar dito tão pequeno, quanta gente desconhecida. Histórias que se iniciam ali. No café, no caixa ao lado. Mãos dadas pelos corredores. Sorriso de amor. Aquele simples, curto, intenso.

No dia seguinte o mundo começa outra vez. Mas ainda pode contar os segundos vagarosamente até o dia acabar. Pensar para onde vão aqueles casais. O velho. E tantos que passam e voltam naquele mesmo café.

Nenhum comentário: