domingo, 30 de janeiro de 2011

Tempo abreviado

Abreviar. Tornar mais curto, simplificar. Reduzir o todo. Partir, despedaçar, espalhar pedaços, perder os cacos. Sentimento inoperante. Sementes não germinadas. Universos abandonados, sonhos esquecidos, fotos empoeiradas. Sinais do tempo, alma desgastada, olhos sofridos, vida marcada, encerrada. Mal calculada.

Coração ferido que reflete lembrança. Bate fraco. Vibra pouco. Expectativas congeladas. Missões abortadas, fé diminuída esporadicamente, aumentada no desespero, constante. Laços desamarrados. Desfeitos. Roupas amassadas, dobradas, guardadas no armário intacto, vestígios de vida, com cheiro de morte.

Jovens que permanecem eternos. Aparência paralisada. Envelhecimento que não se verá. Jovens mortos, tão jovens, tão cedo, tão antes da hora.

Flores mortas pela sala, vasos solitários na cozinha, plantas secas, sedentas, mentes transformadas. Gritos de socorro em silêncio. Lágrimas escondidas na noite. Revolta. E uma saudade que dói e não tem cura.

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