quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Outro dia

Há aqueles raros momentos em que encontro, brevemente, aquele tempo antigo. É quando vejo, em silêncio, indícios gritantes de um linguajar igual ao que deveria ser o meu presente, não tivessem os anos passado tão rápido. São frases curtas e precisas, que ela diz, denunciando sua juventude estampada na pele tão branca, com pelos tão pretos.

Observo, ainda, o jeito como ela pega o copo, o movimento que faz com os lábios ao beber e o modo como impede que aquela última gota de álcool escorra pelo rosto. E até o tom de voz, calma e óbvia revela o quão nova é ainda, quanta vida escondida em cada detalhe daquele por trás daquele decote provocante.

E vai-se embora, sem dizer nada, sorrindo de canto de boca, escondendo falsas intenções.

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