Elis Regina me ligou. E sem que eu percebesse guiou meus dedos no mouse até as águas de março e, sem explicação, cantou baixinho no meu ouvido, como quem anuncia, adverte, comemora, vive e morre.
Não me disse nada, não mudou minha expectativa. Colocou-me em êxtase de contemplação, com uma risada fácil, que escorregava pela canção, ecoando em minha mente até o final da música. Falou-me do vento, da chuva, do dia-a-dia, do projeto, do final canseira. Nada que eu não soubesse, mas nunca dito assim, tão abstratamente no meu imaginário.
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