Eu quero respirar de verdade, mas a névoa que se instalou por aqui tem dificultado meus sentidos. Os caminhos me confundem (em todos os sentidos). E se as pernas doem a cada passada mais dura, deve ser porque ainda não me acostumei com isso, mas há de chegar o momento adequado para cada nuance relevante da vida.
Não represento segurança. Não é isso que quero ser. Na verdade, não percebi muito bem o que tenho a fazer com tanta coisa exposta, a olho nu. A paciência é mais curta do que o esperado. Agradar não é exatamente a melhor escolha (desde que não seja a si próprio).
O dia segue assim mesmo, cheio de parênteses, de coisas que atrapalham, corroem a personalidade, maldita seja a autocrítica. Meus pés deslizam sobre uma camada de gelo, doem, escorregam, derrubam minha percepção. Por que diabos enxergo esse futuro turvo toda vez que esboço levantar o rosto?
Não há obrigação em ser bom. Talvez pareça servilismo e é isso o que realmente me incomoda todos os dias. Manipulo palavras da mesma forma que pretendia com as pessoas, mas tenho maior domínio sobre as primeiras.
Às vezes, penso ser capaz de discorrer horas, incontáveis linhas incertas sobre fatos improváveis, mas isso não me basta. Quero transformar expectativas em sensações. Perversas, egoístas, eróticas (de preferência).
Não dou atenção à estética hoje. Sinto-me livre dessas limitações. E assim o serei. Por que a maldade tem sua própria estética. E por mais grotesco que lhe pareça essa indiferença, não importa. A arrogância há de caber em qualquer buraco que caia. É possível ser tudo o que se deseja no universo abstrato.
Um comentário:
Tente controlar. Sempre.
Falo com propriedade, porque não estou o conseguindo. O foco deve ser ignorado, para não correr o risco de se enxergar apenas o óbvio, e poder abranger os pensamentos, as interpretações, os fatos.
Maldito este nosso poder de atuar, manipular a verdade e ser sempre o que se deseja. Maldita hora que resolvemos pensar, mal sabíamos que iríamos nos tornar escravos. Até a morte.
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