segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O que se pensa

Eu ando tropeçando na certeza das incertezas. Tenho perdido o sono durante o dia e continuo a divagar na madrugada escura. O breu dos pensamentos perturba a minha idéia de futuro e, mais angustiante ainda, bate-me no estômago o temor do presente. Crio situações mentais mirabolantes, me refugio na idéia de esquivar-me eternamente do gosto amargo dos dias por chegar. Por fim, cogito entregar-me ao ostracismo sentimental, ao tédio e a tudo aquilo em que consiste a insignificância do ser insensível.

Atrapalho-me com as cores; os amarelos me deixam mudo, os escuros e negros possuem feitiço, as outras mil tonalidades despertam curiosidade proporcional a tal peculiaridade. Penso nos verdes e nos negros, passo indiferente aos marrons, me atraio pelos azuis, mas contemplo, mesmo, boquiaberto, a harmonia entre as partes e o apreço pelo som emitido à luz do vermelho escuro, brilhante, sempre.

Formo imagens incontáveis, vivo sonhos invisíveis, abraço o acaso, mesmo quando um tanto insosso. Valorizo, às vezes, as pessoas e concentro-me no que elas proporcionam. O prazer aparece em primeiro plano, quase camuflado de paixão. O amor lava a esperança, poda mudanças. Vive-se para o dia perfeito. Escondem-se lágrimas, atrás de ingratidão, e sobressai-se, sem qualquer culpa ou medo de reprovação, o egoísmo latente até então.

São tantos casos, casados com a sorte, inúmeras sensações. Guardo certas lembranças, adormeço expectativas. Não há outro caminho. Nessa estrada só se pode estacionar sutilmente. Palavras certas podem levar-nos para lugares sombrios. Ainda posso cantar. Cabe o som do alívio. Os passos agora são largos e a voz continua a sumir. Somos o próprio vazio causado pelo tempo, na vida que ainda há de fluir

Um comentário:

H. Machado disse...

Este texto eu poderia ter escrito.