É necessário ter uma boa dose de paciência. Não bastam os belos olhos tristes, nem tampouco a aposta na carência afetiva. É preciso ser estupidamente sensível para perder uma oportunidade. Se as palavras fossem duras, se o egoísmo fosse o bastante, se o riso fosse o que sobra, tudo transcorreria corruptamente bem. Mas a preocupação nauseante com os detalhes quase poéticos, um tanto quanto piegas, certamente patéticos, transformou atração em pseudo-admiração. Pronto, nada mais haveria de funcionar.
Nada disso seria um problema em se tratando do último trago, mas há algo que enlouquecedor que persistirá durante a madrugada: maldito perfume embriagante. O intrigante será a eterna associação. Um pouco de rispidez teria amenizado os efeitos e afastado os indícios, mas álcool ainda é capaz de manipular e enfraquecer as defesas sociais.
Ao menos restarão duas ou três horas antes da próxima travessura. “O que aconteceria se eu fosse embora?” indagou. Uma risada descompromissada respondeu a pergunta e encerrou a noite entre abraços falsos e beijos mecânicos. “Aja com autenticidade, mesmo quando a ocasião exige representação além do usual. Não aceite as obrigações”, disse antes de partir.
2 comentários:
passando por aqui...
Me questionei se foi um sonho. Mas pela hora do post, concluí que isso possa realmente ser de verdade. Me conta isso direito.
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