quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ao final da noite

É necessário ter uma boa dose de paciência. Não bastam os belos olhos tristes, nem tampouco a aposta na carência afetiva. É preciso ser estupidamente sensível para perder uma oportunidade. Se as palavras fossem duras, se o egoísmo fosse o bastante, se o riso fosse o que sobra, tudo transcorreria corruptamente bem. Mas a preocupação nauseante com os detalhes quase poéticos, um tanto quanto piegas, certamente patéticos, transformou atração em pseudo-admiração. Pronto, nada mais haveria de funcionar.

Nada disso seria um problema em se tratando do último trago, mas há algo que enlouquecedor que persistirá durante a madrugada: maldito perfume embriagante. O intrigante será a eterna associação. Um pouco de rispidez teria amenizado os efeitos e afastado os indícios, mas álcool ainda é capaz de manipular e enfraquecer as defesas sociais.

Ao menos restarão duas ou três horas antes da próxima travessura. “O que aconteceria se eu fosse embora?” indagou. Uma risada descompromissada respondeu a pergunta e encerrou a noite entre abraços falsos e beijos mecânicos. “Aja com autenticidade, mesmo quando a ocasião exige representação além do usual. Não aceite as obrigações”, disse antes de partir.

2 comentários:

Quem escreve disse...

passando por aqui...

H. Machado disse...

Me questionei se foi um sonho. Mas pela hora do post, concluí que isso possa realmente ser de verdade. Me conta isso direito.