domingo, 25 de outubro de 2009

Na sala

Parece que todos foram embora. Manifesta-se a solidão, sem muito alarde. Quem aparece, está apenas pela metade. Ao sair da sala, não será mais dele. É claro que as horas passam mais rápidas enquanto sente o cheiro dela, mesmo que sorrateiramente, num beijo roubado, molhado e rápido.

De novo ela finge querer. Faz aquela cara que só ele entende. Meche os olhos daquele mesmo jeitinho. Faz tipo, finge que não quer, mas se entrega pelo olhar, logo em seguida. Acaricia os cabelos dele como antigamente, segurando a nuca e repousando a mão distraidamente sobre a cabeça.

Ele não resiste, fecha os olhos, pede pra ela parar. Mas não quer que ela pare. Mais uma hora passou (nem notou). Coloca as mãos na cintura dela, com a mesma habilidade que fazia estremecer em seus braços. Aproxima-se, entrega-se, pede um beijo. Implora, deseja, chora. Lamenta.

Arrepende-se de lembrar. O amor o acompanha. Fazem juras falsas. Não são um do outro. Não tem porta-retratos no quarto. Não guardam histórias engraçadas. Nada que exigiria um amor de verdade. Mas se amam. O desejo é conseqüência. Ou vice-versa. Não importa. Não há nada que o tempo não cure.

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