Havia me esquecido o nome dela. Lembrava talvez de algum apelido carinhoso, desses que se fazem pelo diminutivo. Mas o encontro dos olhos com a grafia do nome causou uma sensação estranha, como aquela que sentimos ao nos deparamos com o desconhecido – que nesse caso, deveria ser conhecido. Quando ela chegou mais perto, a beleza de seus olhos claros fez faltar o ar e provocou um misto de satisfação com uma saudade física.
Como não havia a menor possibilidade de iniciar o diálogo, me concentrei por um bom tempo na escrita de seu nome. Pedi uma bebida e um guardanapo. Tirei uma caneta de bolso e rascunhei descompromissadamente seu nome, enquanto observava o charme do seu olhar e seus cabelos soltos.
O verde me hipnotiza. Não consigo desviar o olhar. Dou um sorriso pra mim mesmo, pensando em o quanto o mundo pode ser pequeno. Por um instante, quase me esqueci de toda a tormenta que me cerca. Prolonguei o momento de contemplação. O contraste do verde no branco agora tem um efeito devastador. Estou acabado. Mas me sinto bem. Ela jamais teria me visto. Se visse, não teria entendido. E isso torna tudo ainda mais especial. Não importa se é inesquecível, nunca teria durado o suficiente, embora, talvez, tenha sido bom. Há certas cenas que não se repetem. Ainda bem.
2 comentários:
Ainda bem!
Oficialmente seguindo seu blog. Adorei. ^^
Postar um comentário