quarta-feira, 8 de julho de 2009

O nome

Havia me esquecido o nome dela. Lembrava talvez de algum apelido carinhoso, desses que se fazem pelo diminutivo. Mas o encontro dos olhos com a grafia do nome causou uma sensação estranha, como aquela que sentimos ao nos deparamos com o desconhecido – que nesse caso, deveria ser conhecido. Quando ela chegou mais perto, a beleza de seus olhos claros fez faltar o ar e provocou um misto de satisfação com uma saudade física.

Como não havia a menor possibilidade de iniciar o diálogo, me concentrei por um bom tempo na escrita de seu nome. Pedi uma bebida e um guardanapo. Tirei uma caneta de bolso e rascunhei descompromissadamente seu nome, enquanto observava o charme do seu olhar e seus cabelos soltos.

O verde me hipnotiza. Não consigo desviar o olhar. Dou um sorriso pra mim mesmo, pensando em o quanto o mundo pode ser pequeno. Por um instante, quase me esqueci de toda a tormenta que me cerca. Prolonguei o momento de contemplação. O contraste do verde no branco agora tem um efeito devastador. Estou acabado. Mas me sinto bem. Ela jamais teria me visto. Se visse, não teria entendido. E isso torna tudo ainda mais especial. Não importa se é inesquecível, nunca teria durado o suficiente, embora, talvez, tenha sido bom. Há certas cenas que não se repetem. Ainda bem.

2 comentários:

H. Machado disse...

Ainda bem!

Carol Reis. disse...

Oficialmente seguindo seu blog. Adorei. ^^