quinta-feira, 28 de maio de 2009

O cruzamento

Seus olhos estavam secos. As lágrimas escorriam por dentro. E ele a imaginar elogios. Mas o corpo não sabe mais falar. A mágoa interrompeu a antiga intimidade. Até parece triste. Eles se olham buscando explicações. O sentimento não tem nome. Já não pode ser amor. Ainda existe atração. É claro. Mas essa é uma história sem fim. E ambos ficam ali.

E nem tão distante assim, alguém, de mochila nas costas, segue para a estação na busca de novos caminhos. Sempre cantando, a sorrir e a rimar certas frases. Já mais adiante, aquela menina esperta prepara sua decolagem rumo ao norte de sua saudade.

E em uma memória recente, o vinho escorre na taça. A marca sutil de batom. Quanta graça num só sorriso. Mas ela deixou a mesa, entrou num táxi amarelo e partiu (também o pobre coração). As bocas se calam, as palavras se esgotam, triunfa a informalidade, a falta de assunto, a saudade da esperança e a mesma visão turva do mesmo rapaz solitário.

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