O que eu me pergunto sempre é: O que eu faria se essa fosse
a última gota de tinta da última caneta do mundo? Eu não sei e o digo assim, em
primeira pessoa, porque o tema é pessoal demais para personificar. Talvez, eu
perderia o último rastro de tinta tentando um esboço perfeito, algo que
impressione, que silencie, que fale por si só, sem qualquer explicação. Mas uma
gota não seria o bastante mesmo.
O que eu faço deitado, confortavelmente, tentando encaixar
palavras precisamente para ter um retrato mais subjetivo possível? E, se é
assim, tão impreciso, porque isso me incomoda tanto? Desvio de rota, de
pensamento, de objetivo. Não importa, desde que não faça sentido algum, não
haverá conformismo. Dane-se. De verdade. Com a mais polida linguagem que o
pensamento permitiu nesse momento.
Parece que eu sei exatamente onde estou e onde quero estar e
o que tenho que percorrer. O caminho é estreito, por vezes, mas lindo de olhar.
É injusto, eu sei, eu causei isso. Não importa que não seja proposital.
Continua sendo verdade, cada vez que vejo essa expressão confusa.
Mas, dessa vez, nesse dia tão improvavelmente estranho, foi
diferente. Eu errei as palavras e minha empáfia mal deixa-me acreditar nisso.
Sim, escolhi mal e, embora isso aconteça, é raro e estranho a mim, à minha
ausência dessa falsa modéstia e ao contexto em que me encontro. Calma, eu sei
que o terreno é escorregadio, mas escolho cuidadosamente cada letra, para que
seja tudo e nada, ao mesmo tempo (por isso eu amo os signos).
Eu nunca tive um olhar assim, porque isso não faz parte de
mim. Eu me envolvo em cada verso como se fosse o último e como se o autor fosse
eu. Mas é claro que não é assim. A experiência permite medir o alcance de cada
pensamento e de muitas sensações como essa. É controlável, eu acho. Ao menos
pra mim (e é aí que está a parte egoísta).
Eu sei que não vou a lugar algum. Eu nunca vou. Mas, no bar,
a mesa está quase sempre vazia.
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