Olho para tela e, inexplicavelmente, vejo o
meu reflexo. Inexplicável porque, no espelho, não o veja, talvez, nem sempre.
Cultivo o silêncio por motivos secretos, não permitidos. Fecho os olhos e
embaralho pensamentos, propositalmente, não pretendo decifrar mais nada.
Não quero perder a fé. Mas, então, o que é
que me traz aqui, onde até os pensamentos são calculados? O que, de fato, devo
fazer nesse exato instante em que a sombra me alcança? A percepção está,
irreversivelmente afetada. Vejo novas frentes, mas perdi as referências. Para
onde devo ir agora? Eu não tenho a certeza, como tanto imaginara ter.
Os raios solares de fim de tarde me atinge
tão satisfatoriamente que não meço precisamente o prazer de ainda enxergar algo
natural. Essas cadeiras velhas, de
madeira gasta, quase podres, que me recebem neste exato momento não tem vida.
Mas poderiam ter. E tudo teria sido tão mais fácil. O horizonte é quase
inventado.
Vejo os carros a toda velocidade sem saber
para onde vão, acelerando com toda a certeza de direção. Brecando
bruscamente. E eu vejo essa vida
simples, enganando-me simplesmente. Seria mais fácil, eu sei.
Eu só me pergunto: “Onde é que vocês estão
agora?”.
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