Eu tenho tido pouco tempo. Ou, ao menos, é disso que tento
me convencer sempre. O tempo todo. Tão curto tempo. Mas, estranhamente, ainda
observo esperançoso o nascer do dia. Gosto quando dia nasce frio e sol se
atrasa no sono, parecendo eterno outono.
Quando foi a última vez que vivi assim? Talvez tenha sido a
primeira. Ainda tenho medo dos verbos, de alguns. Mas conjugo, sem dor, tantos
outros sem o menor pudor.
Eu não vou desligar. Essa rotina aguça minha percepção e
limita minha criatividade. Eu tento não mecanizar. Mas há dias tão duros. E tudo
me parece obscuro.
É o fim da medida. De tamanho incerto. Sem qualquer sentido
ou referência exata. Perderam-se as ligações. Tantas coisas me parecem em vão. É
ausência e presença. Um só paradoxo. Sem rima, nem pobre, nem rica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário