segunda-feira, 19 de maio de 2014

A vontade das letras

Eu tenho tido pouco tempo. Ou, ao menos, é disso que tento me convencer sempre. O tempo todo. Tão curto tempo. Mas, estranhamente, ainda observo esperançoso o nascer do dia. Gosto quando dia nasce frio e sol se atrasa no sono, parecendo eterno outono.

Quando foi a última vez que vivi assim? Talvez tenha sido a primeira. Ainda tenho medo dos verbos, de alguns. Mas conjugo, sem dor, tantos outros sem o menor pudor.

Eu não vou desligar. Essa rotina aguça minha percepção e limita minha criatividade. Eu tento não mecanizar. Mas há dias tão duros. E tudo me parece obscuro.

É o fim da medida. De tamanho incerto. Sem qualquer sentido ou referência exata. Perderam-se as ligações. Tantas coisas me parecem em vão. É ausência e presença. Um só paradoxo. Sem rima, nem pobre, nem rica.

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