sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sobre o sentido dos atos

E se a minha visão ofuscasse? Sim, isso iria acontecer. E se a mente girasse? Provavelmente iria também. O assustador é não saber o que pensar, no momento exato em que minha vista formasse duas telas, como nas TVs modernas. Porque certamente eu deveria pensar além do que é lógico, aquém dos romances literários. E sim, qualquer acontecimento ínfimo transformaria tudo perigosamente, no sentido mais trágico do termo, nada excitante, nesse contexto.

É pouco provável que tudo se explique. Como já não se explicou há alguns anos. Cenas equivalentes, papéis invertidos. É evidente que a verdade seria explicativa, mas há de se ter coragem de dizer o que se pensa, o que sente – especialmente diante do silêncio de sempre. Afinal de contas, onde isso poderá chegar?

Não manifestar a verdade, crua como ela deveria ser sempre, não significa escolher a mentira. Sabe-se que a omissão não é lá essas coisas também. A ausência de palavras é a única coisa que pode significar tudo. E nada. Escolher um discurso qualquer limita as margens interpretativas (ou as deturpam completamente).

Então, por que não cumprir todos os rituais? Não há respostas concretas. Mas tem algo a ver com fuga e medo. De verdade.

Nenhum comentário: