E se a minha visão ofuscasse? Sim, isso iria acontecer. E se a mente girasse? Provavelmente iria também. O assustador é não saber o que pensar, no momento exato em que minha vista formasse duas telas, como nas TVs modernas. Porque certamente eu deveria pensar além do que é lógico, aquém dos romances literários. E sim, qualquer acontecimento ínfimo transformaria tudo perigosamente, no sentido mais trágico do termo, nada excitante, nesse contexto.
É pouco provável que tudo se explique. Como já não se explicou há alguns anos. Cenas equivalentes, papéis invertidos. É evidente que a verdade seria explicativa, mas há de se ter coragem de dizer o que se pensa, o que sente – especialmente diante do silêncio de sempre. Afinal de contas, onde isso poderá chegar?
Não manifestar a verdade, crua como ela deveria ser sempre, não significa escolher a mentira. Sabe-se que a omissão não é lá essas coisas também. A ausência de palavras é a única coisa que pode significar tudo. E nada. Escolher um discurso qualquer limita as margens interpretativas (ou as deturpam completamente).
Então, por que não cumprir todos os rituais? Não há respostas concretas. Mas tem algo a ver com fuga e medo. De verdade.
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