quinta-feira, 22 de março de 2012

Como antigamente

Ele acordou com aquela inquietação que há tempos não sentia. O tato dos pés com o chão era diferente de ontem. E a sensação de inquietude se prolongaria pelo dia todo. De relance, viu de novo o papel branco na mente, como se o velho hábito ressurgisse do nada. Mas não deu importância na hora. E partiu para a mesma rotina, como se tudo estivesse normal.

Não era ingênuo, sabia que coincidências não existem. Talvez fora efeito da vista inesperada naqueles mesmos corredores, que há tanto conhecia. Mas que nunca mais passara com a mesma intenção. E o acaso tem mesmo dessas coisas.

Quando percebeu, já riscava o papel como antes. Ouvia as mesmas coisas que antes. E tinha as mesmas impressões que antes. Mas ainda prefere a metáfora. O jogo de palavras que diz sem dizer. Gosta de observar e de brincar com isso. Mesmo quando não deve.

E viu todas as formas de novo. Lembrou-se do que era. Juventude que se dispersa pelo tempo, o tempo todo. Sentiu, então, o mesmo cheiro. Como antigamente.

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