domingo, 4 de setembro de 2011

Quem controla

Lasanha ao molho branco borbulhando. Frio. Família à mesa. E aquela sensação de proteção física e espiritual, só ameaçada pelos afazeres extras que obrigam encarar o dia seguinte longe de casa. Sensação guardada há anos, um gosto de comida nunca mais sentido, não daquele jeito. Não há mal que pudesse entrar naquela casa, mas eu não poderia permanecer ai pra sempre.

E é isso que perturba. A busca de uma certeza que não existe, uma segurança imaginária. Um contexto de ilusão, mas que parece real, às vezes. A mesa, hoje, tem lugares sobrando. Cadeiras vazias. Vazios que não se preenchem. E uma saudade de ser criança, quando tudo era controlável, o mundo era apenas o meu círculo.

Quando ligo o rádio, insisto naquela música, antiga, uma poesia infantil, tão bela nesse contexto de medo. Sinto, de novo, um restinho daquele gosto de simplicidade. Deitar às 22h, levantar às 6h. Deixar na escola as decepções e levar pra casa os amores.

Eu sinto que um grito de horror pode surgir a qualquer momento. Pânico. Busco de novo aquela proteção. Converso com Deus todos os dias. Às vezes, ele sorri pra mim, me tranquilizando de tudo. E tudo se torna calmo, de novo, por enquanto.

É, meu amigo, aqueles dias voltaram.

2 comentários:

H. Machado disse...

A necessidade se potencializa. E é o momento do café.

Amanda Teixeira disse...

ameeei