As mesmas roupas velhas, quase desmanchando. Mas são roupas. Cobrem o corpo. A calça de brim azul, dobrada, presa com um cinto surrado. A camisa branca, encardida pelo tempo e mau trato. A pele negra, tão negra que barba por fazer, branca, se destaca no rosto sofrido, mas com um ar simpático e um chapéu velho na cabeça.
Todos os dias ele senta no mesmo banco, olha com a expressão perdida para a mesma cena, quase não fala, a não ser quando é necessário. Alguém o cumprimenta sorridente, ele acena com a mão esquerda, sem sair do lugar. Nunca inicia um diálogo. Ninguém sabe ao certo a sua história, mas há um respeito, uma admiração por ele, que o menino da mesa da ponta não entende bem. Mas ele gosta de assistir a tudo.
Sem despedir-se de ninguém, o velho negro se levanta, depois de aceitar a bebida de cortesia da casa. Sai a passos lentos. O menino observa, com uma certa angústia. Bem vestido, relógio caro no pulso, uma grife importada na camisa. E o velho negro tão cheio de vida.
Um último encontro ao sair em direção ao carro. Sem hesitar, o menino enrola uma nota vermelha na mão direita, entrega ao homem com simpatia e despede-se. E velho a aceita, sem constrangimento, só agradecimento. Porque a vida é simples.
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