Eu tenho o dom de olhar o caos calmamente, analisar tudo pela tela, como se fosse um gigante quebra-cabeça, ainda assim, menor que minhas mãos. Porque gosto de manipular as peças, limpar a sujeira, juntar os cacos. Domino essa técnica da paciência, às vezes, quando me sinto exatamente assim, no controle da vida, capaz de lidar com o revés. E até me escapa um sorriso sarcástico, de vez em quando.
Essa é uma sensação que não dura muito nem acontece muitas vezes. Mas tudo flui positivamente nessas horas. Sou capaz de ver com saudosismo irônico o que já se perdeu por outros caminhos, outros passos mais certos que os meus. Não importa.
E me sinto grande. Dono. As pessoas são partes pequenas de um contexto maior. E as pequenas histórias são trechos de um longo conto, cheio de amor e mentira, simultaneamente, com direito a toda a incoerência que só o ser humano é capaz.
E é algo tão raro, que aprecio cada segundo isso. Até que passe e meu coração fique quente.
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