quinta-feira, 7 de abril de 2011

Farpas

Há algo que incomoda, mesmo não sendo longos, quando ela solta o cabelo, com o ar cansado, quase esquecendo não estar sozinha. E quando ela olha pra ele, não demonstra nada, mesmo que ele tente encontrar um sinal no fundo dos seus olhos. Mas ele sabe, percebe, tudo o que ela pretende é se sobressair. Há uma disputa silenciosa, uma guerra fria, que ele só contempla com certo prazer, sem interferir.

Não há nenhuma recompensa, para nenhuma delas. Ele não se importa com isso, a competição é circunstancial. Não toma partido, só tira proveito. E toda a intolerância tem um motivo escondido, um desejo de aniquilar o inimigo, com um pretexto qualquer. Ela enxerga o perigo e o combate instintivamente. Ele lamenta sorrindo, não há muito para fazer. Não vale o risco se posicionar.

E se há uma coisa interessante, seria a curiosidade do que é suposição. As reais intenções. Até onde ela iria com isso. Estaria disposta a pagar pra ver? Ele pensa nisso tudo, balança a cabeça e sorri com o canto da boca. E a imagina pensando no que está por trás das farpas. E pensa nisso também.

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