Às vezes me sinto velho. Mais velho do que sou. Mais do que deveria. Observo atentamente os submundos que me cercam, se exibem pra mim, para me provocar, testar minha percepção. E sinto que sou de outro planeta. Mas, claro, entendo perfeitamente o que se esconde naqueles trapos de luxo.
Talvez seja o tempo de envelhecer. Amadurecer. São conceitos que não se complementam, como em princípio parece. As pessoas de ontem mudaram também. As de hoje me lembram o que eu enxergava antes. Observar as gerações opostas, e estar no meio delas, é um processo penoso, de certa forma, e, também, um alívio, por não pertencer a nada. Estar suspenso.
Não posso negar que seja assustador. Eu escolho palavras, por vezes rebuscadas. Ouço frases mal formadas e tento ignorá-las. Tanto faz. Mesmo que esteja sozinho, exercito, por esporte, ser aquilo que sou. Então eu escolho a mesma mesa, de frente para a porta, abro o jornal, peço o café. Não insisto nenhum contato. Saboreio a solidão, quando ela existe. E sinto, de novo, que estou muito longe de tudo, pelo tempo, pelo espaço, por escolha. Ou pelo acaso.
4 comentários:
Belas palavras caro amigo! W.
Os velhos são as crianças mais sabidas. Velho, então, voltei a ser criança e meus olhos se abriam para novas descobertas, desta vez invisíveis. Passei toda minha baixa idade a descobrir sabores, texturas, cores, barulhos... agora passo o que me sobra de vida a descobrir pensamentos, desejos que não me retenho em pensamento, sentimentos e a como lidar com tudo isso. Às vezes me confundo. Então peço outro capuccinno e vou pra casa.
Você não está sozinho.
"E sinto, de novo, que estou muito longe de tudo, pelo tempo, pelo espaço, por escolha. Ou pelo acaso." Acasos não existem e o estar longe é temporário.
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