sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A bela e os velhos

Eles eram velhos. Velhos, ricos e sábios. E ela percebia sem inveja. Ao contrário, bem no fundo, eles sim a invejavam de certa forma. A exuberância de seu corpo, sua juventude a flor da pele, sexualidade que gritava pelos poros o seduziam, embora não houvesse qualquer menção direta. É claro que não diriam o quanto alimentavam o fetiche por uma menina nova, bela, branca, cabelos longos, até a cintura, lisos, pesados, de um louro insistente, daqueles que os olhos não desviam facilmente.

Caminhava com passos ensaiados, pés desenhados, sorriso despojado. Tudo aquilo que mexe com o imaginário masculino. Sensualidade latente e um ar promíscuo, que a tornava mais interessante, no auge de seus 18 anos mais bem vividos que os trinta e poucos dos senhores que a desejavam, agora, quase descaradamente.

E quando a voz baixa, delicada, pedia licença para interromper o assunto, eles silenciavam, mas não a ouviam, perplexos com as curvas desenhadas de seu corpo novo. Olhavam-na, agora, com fome, despejavam frases certas e roubavam, às vezes, um sorriso sacana, que ela fingia não perceber, mas que sabia, estava cheio de malícia. Coisa de quem sabe o quer, sabe o que é e sabe o quanto a querem, no cenário mais erótico que se possa imaginar. Sem qualquer puder. Sem quer remorso.

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