quarta-feira, 3 de março de 2010

Coisas de outono

Não havia mais aquela cumplicidade fútil, mas sim um distanciamento amistoso, que proporcionava uma sensação de serenidade, coisas típicas de outono. O sorriso não era cínico nem malicioso, nada além de uma cordialidade espontânea, de quem há muito não se via. E foi assim que o diálogo rápido, coisas de dois ou três minutos, se iniciou.

Foi o bastante para que ele entendesse o efeito do tempo. Como é possível sair de cena à francesa. E o reencontro, sem qualquer compromisso social, pode surpreender, justamente por não ser importante. As pessoas têm uma vida. E seguem-na. Sozinhas ou não, felizes ou tristes, gordas ou magras, vivas e até mortas.

As poucas perguntas são sempre as mesmas, com aquele falta de comprometimento, característica do acaso. Sabe-se que a distância tornar-se-á ainda maior depois daqueles poucos instantes. Qualquer intimidade será perdida. Com um pouco de audácia, talvez possa, até mesmo, apagar o número na lista de contatos. Sabe-se, sem muito alarde, que nunca mais será necessário. E apesar de hesitar, nada disso realmente importa quando se encontra com quem não importa.

E todo aquele tempo perdido ficou pra trás.

Um comentário:

Quem escreve disse...

Parei aqui para descançar, como sempre o venho a fazer por estas bandas. Mas tenho ainda mto o que fazer, sem olhar para traz, apenas comecei... Vou terminar, mas apenas estou começando.