terça-feira, 17 de novembro de 2009

Olhando estrelas

Toma de volta as chaves do apartamento. Não desejo mais andar sobre o chão sujo dessa sala carregada de inveja e insatisfação. As paredes são pesadas de tristezas. O branco há muito não habita este espaço. E eu sou quase a única peça que restou mal colocada, esbarrando nos móveis velhos que nunca foram trocados.

Vou andar dez ou doze quarteirões sozinho. Não vou a pé, o carro me obriga ao comodismo, mas reflito como se caminhando fosse e choro, como se suando estivesse. Eu até posso apreciar esse quase sofrimento em que me encontro, mas não pretendo ficar assim por muito tempo. Pode ser que me acostume.

Penso nos números como valores. Desvalorizo tudo o que de nobre sinto. Não há verdade em toda essa delicadeza. A maldade é sempre muito mais sincera. Eu prefiro a honestidade da indiferença .

Devolva minha paz e meu dinheiro. Minha vida e meu destino. Vou embora a passos largos e sorrisos escassos.

Se ainda olharei as estrelas, não sei.

Um comentário:

Carol Javera disse...

Olhas as estrelas me faz bem. Me faz pensar que tudo pode ser diferente. Me permite sonhar com o impossível.