Penso todos os dias em pular do barco, mas não sei se nadar sozinho pelo escuro seria uma escolha atraente. Percebo ser cada vez mais difícil esconder-me atrás das árvores, mesmo ampliando o dicionário de metáforas a cada dia, na medida do possível.
Por outro lado, o silêncio seria insuportável. Todos os dias me pergunto quanto vale a minha paz. Ainda não entendi porque busco o caminho mais doloroso para tudo. Vejo imagens que não quero ver e para as quais não posso evitar olhar. Leio coisas que não quero saber, pois meus olhos ganham vida própria descobrindo cada uma daquelas malditas palavras.
Quanto me custa a solidão? Talvez tenha que pagar o preço e isso pode ser incrivelmente bom. Sinto-me como alguém que passou horas embrulhando um pacote para que outro o rasgue sem cerimônia. Mas acredite, eu não me importo com o presente, só com o tempo perdido.
Para me distrair do tédio, procuro o riso. Melhor é rir do infortúnio. Para cada olhar raivoso que recebo, retribuo com pena e isso sim faz meu dia valer a pena. Por que, como nas outras vezes, não me nutro de ódio. Cultivo apatia. E não insista, pois não me importo com nada disso. Sou tão duro e cruel quanto desejo ser. Talvez até sofra sozinho, mas hei de honrar o significado da palavra “nunca” para preservar minha personalidade sempre.
Um comentário:
É a solitude de quem está fora do "sistema". Sinto a mesma coisa.
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