Ninguém se interessa pelo o que há dentro de você. De verdade, não. E talvez por isso o conto, tão bem guardado, pela excessiva precaução, vestida de modéstia e insegurança, esteja hoje empoeirado, esquecido, dentro de uma gaveta qualquer. As folhas já amareladas nem mesmo chegaram a ser lidas até o final. Definitivamente, não há relevância alguma. Nem no suposto valor cultural, menos ainda nos anseios refletidos nas letras e palavras, que pareciam deslizar pelo espaço quase branco, compondo o universo tão peculiar, carregado por (pouco) tempo com muito gosto.
Não poderia ser verdade que o tempo transforma as pessoas, mas há de se encontrar coerência nas pessoas que transformam o tempo em que vivem. E aquele tempo, tão bem pintado, como as mais intrigantes falsificações ideológicas, foi transfigurado, apropriando-se do impacto esteticamente positivo proporcionado pelo estranhamento inicial.
Mas, o que seria aquele conto? A intimidade, talvez. A mesma que permite aos seres pensantes a exposição de suas mais particulares hipóteses. Triste, então, que as idéias se perderam para sempre (?). Não, nem triste, tampouco alegre. Possivelmente, apático. Nisso consiste a magnitude da percepção. Compreender a insignificância das folhas e a pobreza do conteúdo, mas reconhecer a importância da entrega.
Palavras não lidas são amontoados de letras escritas para ninguém. E assim permanecerão todas aquelas idéias abandonadas em um lugar qualquer, não mais importante que uma velha gaveta no fundo do armário.
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