sábado, 31 de dezembro de 2011

O que nos resta e o que nos falta

Eu já vejo o copo de vodka em primeiro plano, com todas aquelas pessoas no fundo, fundindo-se em uma só imagem embaçada na lente da minha percepção. Já vejo os copos de cerveja ao alto chamando o brinde, na falta da champagne. E todo aquele alvoroço que só muda de data, apenas nos últimos números do ano. E isso não é ruim.

Eu me lembro de cada passo. De cada dia de saudade, de todas as risadas já apagadas. Das imagens amareladas. De tudo o que há dias tento não pensar. Mas, de repente, me lembrei que é minha última oportunidade de chorar neste ano. De sentir de verdade aquilo que me consome. A incompreensão irreversível e tudo o que é irreparável. E isso não é bom.

Evito significar números. Do quatro ao 21, apenas 108, se não erro a conta. Tanto faz. Um tempo que não se pode contar. Nem se deve. É sempre menos. Menos uma taça, menos um brinde.

Mas eu não perco a chance de celebrar a vida. A minha, a nossa.

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