quinta-feira, 16 de junho de 2011

Remontando o passado

Ontem eu me sentei a beira da varanda naquele fim de tarde, como se o pôr-do-sol fosse um anúncio solene sobre os dias que virão. Não sei muito bem o que seria, mas gosto dessa sensação. Quando o calor ameaça a ficar ameno e o frio vem chegando sem alarde. Quase um ritual. E eu refletia serenamente.

Há algum tempo, não muito, na verdade bem pouco, tenho percebido que um ciclo se encerrou. Sinto-me até constrangido, de certo modo, ao rever tudo pelo que passei (e escrevi). Foi necessário, eu sei, mas há tantas coisas que não fazem mais sentido algum, que eu poderia apagar muitas das frases deixadas aqui.

Quantas bocas anunciaram o amor sem tê-lo. Tantas vezes pareceu ser verdade, tantos passos para tantos outros lugares improváveis, caminhada perdida.

Quantos rostos esquecidos, quantas cores apagadas. Olhos claros, agora cinzas. Lábios vermelhos, já esbranquiçados. Palavras que nem se lembram (e que preferiria ter esquecido também).

Não houve nenhum marco, nenhuma transformação. Coisas simplesmente deixaram de existir, sentimentos perderam o sentido. Nenhum lamento ao final. Mas o que sobrou de mim, depois das guerras que enfrentei, nem de longe parece com aquilo que projetei.

A "moça e o rapaz" não se conhecem mais. O "baile" ficou sem música. Não há mais nada o que se pensar "antes do banho". Não estou mais "de frente para o fim".

3 comentários:

Anônimo disse...

uauuu, que lindo '-'

Renata Hipólito disse...

Se aquelas palavras e sentimentos passaram, sei que o mesmo pôr do sol inspirará novos amores, outras histórias, mais textos... Todos terão um novo sentido, com certeza, mas continuarão a expressar a sua verdade, que é o que realmente encanta no que você escreve.

João Javera disse...

Hoje eu acho que entendi.