Dela para ele

Gosto quando ele sorri com o canto da boca, como quem faz uma travessura, depois adulto. Aí falo sério, para não parecer que reparo. Sei que ele sabe o que penso, e ás vezes não faço questão de esconder. É tudo muito diferente e imagino o quão estranha posso parecer nesse universo adolescente.

São realidades bem distantes, tempo e espaço desconexos, gostaria de me expressar como ele faria, mas faço de maneira simples, mesmo que nesse contexto fictício, pois assim me parece mais coerente. Jamais daria certo, e nem penso tanto nisso. Talvez um pouco, só pelo lado curioso, mas me vejo quase como uma guardiã. É bem diferente pra ele, claro, nem ouso discutir essa possibilidade.

Mas, sabe, se o mundo fosse outro, se eu mesma estivesse aqui, nessa cena descrita, iria parecer outra coisa. Então eu me reservo ao direito de observar, de longe, vê-lo crescer, amadurecer de verdade. E sorrio por dentro quando ele diz essas coisas.