sexta-feira, 11 de março de 2011

A sala de espera

Houve dias em que os 30 pareciam densos. Agora me sinto um menino, quase um recém-nascido. Pesam nas minhas costas as dores que o mundo despeja. Tem sido difícil caminhar dessa forma.

Nunca fui familiarizado com hospitais. Sempre que estive em um, era uma numa condição alheia, externa. Entendia os fatos, mas não compreendia. É diferente sentir na pele a aflição da espera.

- Enfermeira! Alguma notícia?

E o relógio se move tão lentamente que parece estar parado. “Será que ele está bem?” martela o pensamento. E um escape automático: “Vai dar tudo certo”.

E quando o médico, que agora veste verde, chega à sala de espera, meus olhos querem ler os dele, antes que os lábios se pronunciem. E a tão esperada fala “Está tudo bem”, vem acompanhada de um tom de incerteza, uma condicional na voz. Ao mesmo tempo, ele franze a testa ao tentar explicar.

E cai, fortemente, sobre mim, uma responsabilidade que não tenho. Decisões que não sei tomar. Não me cabe a opção de agir, mas sim a obrigação. Tenho que ser forte. Racional. Mas meus olhos desmentem minha boca.

Qual será o segredo dessa oração? O que tenho que fazer para que minhas súplicas sejam atendidas? Fé. Sim, ela me acompanha. E tenho até medo que dela eu me perca. Eu não sei se tenho essa força. E pode até parecer egoísmo, mas não creio merecer dessa forma.

Ao mesmo tempo, não questiono a Deus. Ele está aqui. E seria imprudência não reconhecer isso. Afinal, estamos todos juntos. Orando. Para que assim permaneçamos.

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