quarta-feira, 2 de março de 2011

O livro

Não vou me obrigar a nada. O livro repousa sobre o criado mudo, me encara, mesmo quando desvio. Ainda estou na parte da carta, nos primeiros sentimentos, o personagem está se tornando familiar a mim. É uma longa história que tenho com a obra. Lembranças e saudades que voltam o tempo todo. Influências que exerci e que sofri.

A capa dura, com letras douradas confere uma sobriedade ainda mais evidente, não bastasse a linguagem rebuscada, com termos desconhecidos. Mas, honestamente, o conteúdo não é o problema. Não para mim, sem modéstia alguma. Mas aquilo que ele desperta. O vazio que passo a sentir quando leio. Sim, perturba.

E quando me lembro de você, descrevendo seus dias inteiros, jogada na cama, com o livro aberto, até que, por duas vezes, o tivesse lido, me sinto ainda mais frágil. E na memória mais recente me vem quem, seduzida por esse encantamento, leu, antes que eu conseguisse. E leio mais duas páginas e enxugo o vidro da minha mente, podendo, agora, ver com clareza, que essa fase passou. Nenhuma delas é mais a mesma.

E o livro, ainda fechado.

Um comentário:

H. Machado disse...

Não acredito que teve coragem. Seja cuidadoso, meu amigo.