segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Superficial

O rosto não é comum, nem poderia ser, mas se faz presente, em mil faces, em meio à multidão e ao barulho excessivo, que seus ouvidos nem mais definem o que é música. No jeito de olhar e na forma como os cabelos balançavam ao sabor da dança. E, claro, nos traços delicados, desenhados com precisão.

Não importa quem fosse, a imaginação era suficiente para aproximar aparências, criar cenários, formar outras realidades. Mas logo a consciência é recuperada, quando o corpo se vira, por acaso, e sente algo quase familiar do outro lado. Sentada, sem muito envolvimento, alguma bebida e um falso entusiasmo.

Três frases, sem insistência. Ele entende o significado de cada palavra, especialmente “não”. E quando a lucidez voltou, um convite notável o fez reagir. Sem convicção, nem revanche. Autoafirmação. E, mais uma vez, o superficial venceu. Melhor que seja assim.

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