segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cordialidade

Não há muito o que dizer sobre aquele gesto. Um único olhar, o rosto voltando-se sutilmente para a esquerda, os longos cabelos claros acompanhando o movimento. Cruzam-se os olhos rapidamente. Os dela atrás dos óculos, os dele, atentos a ela. Um cumprimento cordial, sorriso esboçado. Havia notado e era tudo o que contava.

Passaria as próximas horas pensando naquele olhar. Ela esqueceria rápido. Foram pouco mais de onze segundos. Qualquer outra menção à beleza dela seria um desperdício de tempo. Era uma forma única, de difícil descrição. O que realmente importava era o frio na espinha que sentia cada vez que a via.

E fora o suficiente para o reinício de mais uma jornada. Mais uma semana. Até que, ao final, de novo, a encontre, como quem procura a arte para abstrair de sua realidade. E pensar que os caminhos serão tão diferentes. Quando até poderiam se cruzar por amor.

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