quinta-feira, 1 de outubro de 2009

De mãos vazias

A sala estava escura. Ele tenta enxergar tateando o local, caminha cuidadosamente para não esbarrar na mobília (e nas pessoas). Não encontra nada com as mãos. Segue, imaginando trombar em algo a qualquer momento, mas nada parece estar no caminho. Então, ele pensa em voltar à porta, pois perdera o senso de direção. Mas não mais alcançava as paredes. Gritava e não respondiam. Percebeu que estava sozinho.

Sentou-se no chão e caiu num choro inconsolável, de quem não sabe o motivo das lágrimas, mas sente uma tristeza profunda: solidão. O abandono abala o comportamento. Depois de alguns minutos, o ambiente começa a ficar mais claro. Agora consegue observar o completo vazio da sala e apenas a foto na parede; um casal sorridente, trajando roupas verdes.

Ele se lembra de tantos comentários. De tantas as visitas já recebidas. De tanta falsa cumplicidade que já tivera. Sente tristeza novamente. Mas passa rápido, pois não era importante. Resolve tentar um contato. Está ocupada. Pensa no que ainda lhe resta. Pouco, bem pouco. Agora parece muito. É tudo o que ainda existe.

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