segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Não me lembro

Os dedos quase ousaram tocar o teclado para fazer a ligação. Pensou antes em todas as palavras erradas que dissera em outros tempos. Imaginou naquele instante que a paixão poderia ser mera coincidência, uma recaída em virtude da cena vivenciada ali. Mas o coração saltava cada vez que a outra moça o fazia lembrar dela, tão distante em todos os planos imagináveis. Por horas ela falava sem que ele ouvisse, vagando com o pensamento em sua paixão, que a vida insistia em fazê-lo reviver, colocando em seu caminho incontáveis personagens e sinais daquela noite de lua bela.

Pensava estar livre daquela saudade, mas não contava com o acaso; a música, as pessoas, o local e tudo o que se traduzia nela. Olhou a mesma lua, tão bela quanto antes, mas com um sorriso ao contrário. Buscava alguma forma mística de se comunicar com a mente dela, mesmo cético. Quanta falta haveria de fazer aquela vista da luz refletida na água e o frio que empurrava ao abraço. Não queria, mas lembrou-se de cada detalhe. A roupa clara, os lençóis escuros, os beijos calmos, um amor ardente.

Não mais importava ir embora. A noite já se tornara triste. Os olhos lacrimejavam. E o pensamento, ah, o pensamento não mais lhe permitia esquecê-la. A voz, o toque, o cheiro e tudo o que era dela. O dia já quase clareava. Em lados opostos haveriam de seguir. Sem nunca mais se verem, pra sempre se amando em silêncio, contando mentiras aos próprios corações. A gente só lembra daquilo que se esquece.

2 comentários:

Carol Javera disse...

Há muitas coisas que também não me lembro mais. Infelizmente!

Amanda Teixeira disse...

aai meeu Deeeuss.. >< foi lá no fundoo esseee.