domingo, 14 de junho de 2009

Esmola

Olha aquele mendigo ali na esquina. Todo mendigo fica na rua, por vezes nas esquinas, escondido, faminto, com frio, não importa. Não sinto frio, não tenho fome, não faço reclamações. Saco um níquel do bolso (nem lembrava que o tinha e tantos outros estão perdidos nos cantos do meu carro), jogo no chão, não encosto a mão nesse mendigo imundo. Lembro da minha mãe, cantando a música do “sujismundo”. Por que diabos será que esse mendigo não toma banho? Não vê que está sujo, emporcalhando toda a calçada. Por que não vai se deitar em outro canto? Aqui ele não há de ficar. Já começa a atrapalhar.

Não lhe dou nem mais um centavo. Ele que coma as sobras (se é que há de sobrar). Não quero ser como o mendigo. Estou na mesma esquina. Espero o bonde chegar. Sei que ainda vou me mudar. Não agüento mais mendigar um grande acontecimento. Mas mesmo assim, esmola não hei de aceitar.

Nenhum comentário: