quarta-feira, 7 de março de 2018

Sangue

Ele queria sangue, puro. Percorreu estradas desertas, desconhecidas, em busca de um vínculo real. Queria sentir de novo a mesma ligação. Não acreditava em ciclos, mas sentia-se imerso em um redemoinho, como um prenúncio de finais inéditos, inesperados, já concluídos, sem nem perceber. Não havia mais fôlego. Mas era bom demais, um guerreiro nato, para entregar-se sem nadar, agora, para águas tranquilas. Rios calmos, quietos, o preferido dos pescadores, mas que traziam em si uma tristeza tão profunda quando a solidão do homem com redes.

Assustava quando o telefone tocava. Era como despertar de um sonho ruim, mas que não acaba ao levantar. E nessa estrada conheceu pessoas íntegras, pessoas lindas, lindas faces, lindos discursos. Mas ainda não sentia aquela mesma “coisa”, intangível, indescritível. Contava as pessoas e essas cabiam nos dedos de uma só mão. Mas acreditava nessa nova cidade, onde chegara, até com certa tranquilidade.

Nada é capaz de destruir uma história. Não importe o quão contrário amor possa haver, nem mesmo o quanto a alma possa esquecer. Nada apaga uma história de sua essência cósmica. E seria possível viver assim? Não sabia, estava aprendendo. Manchado de sangue.

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